Em baixa nas pesquisas, líder ultradireitista da Liga é julgado por detenção ilegal de imigrantes. Bolsonaro participa de homenagem aos pracinhas brasileiros na Itália
Pegou mal para Matteo Salvini, o ultradireitista líder da Liga, o encontro com seu aliado brasileiro, o presidente Jair Bolsonaro, para homenagear, neste domingo em Pistoia, os pracinhas mortos na Segunda Guerra. Foi criticado tanto por partidários da Liga quanto por adversários do Partido Democrático, de centro-esquerda.
“É hora de Matteo decidir de que lado ele quer ficar”, afirmou o ministro de Desenvolvimento Econômico, Giancarlo Giorgetti, o número dois do partido, que integra o governo de unidade do premiê Mario Draghi. Ele pertence à ala moderada da Liga e, portanto, rivaliza com o líder.
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, posa para foto com Matteo Salvini, líder do partido italiano de extrema direita Liga do Norte, durante cerimônia de homenagem aos soldados brasileiros que morreram na Segunda Guerra Mundial, na cidade de Pistoia, em 2 de novembro de 2021
Escritório de imprensa de Matteo Salvini via AFP
Já a deputada Pina Picierno, do PD, que também faz parte da coalizão do governo, pediu que a Liga esclareça por que se coloca ao lado dos direitistas mais atrasados e extremistas: “Salvini se apressa em acompanhar Bolsonaro como se fosse uma medalha de valor manter relações próximas com o autocrata brasileiro. Parece ansioso para enriquecer sua galeria de horrores.”
Único político italiano a ciceronear o presidente brasileiro, o populista Salvini está em baixa nas pesquisas e aparece em oitavo lugar no ranking dos políticos mais apreciados do país. Como ex-vice-primeiro-ministro e ex-ministro do Interior, ele se destacou no cenário político pela retórica xenófoba e declarou os portos italianos fechados aos navios envolvidos no resgate de pessoas que fugiam de países africanos.
Sob as ordens do aliado de Bolsonaro, a Itália protagonizou em 2019 cenas de desespero de refugiados em sua costa. Salvini é julgado em Palermo, acusado da detenção ilegal de 147 imigrantes que estavam a bordo de um navio da ONG Open Arms. Se for condenado, pode ser sentenciado a até 15 anos de prisão, num julgamento previsto para arrastar-se por anos.
Aos 48 anos, ele venera políticos ultradireitistas como a francesa Marine Le Pen, do Reagrupamento Nacional, e o premiê húngaro Viktor Orbán e flerta com o partido de extrema-direita alemão AfD. A Liga vem perdendo espaço para o partido de extrema-direita e pós-fascista Irmãos de Itália, liderado por Giorgia Meloni. Mas espera-se que Salvini tente tirar proveito do julgamento para reativar o debate sobre imigração e firmar-se novamente como seu principal expoente.
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Fonte: G1 Mundo
