Suíços decidem proibir quase toda publicidade de cigarros

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Os suíços votaram, neste domingo (13), a favor de proibir quase toda publicidade de cigarro – conforme os primeiros resultados de um referendo que mostram que 54% dos eleitores aprovaram esta iniciativa. Cartaz a favor da proibição de publicidade de tabaco em Zurique
Arnd Wiegmann/REUTERS
Até hoje, a Suíça contava com uma legislação permissiva em relação à publicidade do cigarro, graças ao forte lobby das maiores empresas mundiais do setor, muitas das quais com sede no país.
“Estamos extremamente felizes”, disse à AFP Stefanie De Borba, da Liga Suíça contra o Câncer, com a publicação dos primeiros resultados. Os números finais são esperados esta noite.
“As pessoas entenderam que a saúde é mais importante do que os interesses econômicos”, completou De Borba. Uma em cada quatro pessoas é fumante no país.
Uma nova lei do tabaco entrará em vigor em 2023 em Zurique
Pixabay
Em nível nacional, apenas anúncios de rádio e televisão e mensagens dirigidas especificamente para menores são proibidos. E, embora alguns cantões já tivessem endurecido suas normas e uma nova lei a esse respeito entra em vigor em 2023, os grupos antitabaco pediam medidas mais robustas para proteger crianças e jovens.
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Está prevista a proibição total da publicidade de cigarro em lugares de acesso de crianças e adolescentes, ou seja, na imprensa, em cartazes, na internet, no cinema e durante manifestações. Essas mesmas regras se aplicarão ao cigarro eletrônico.
Indústria do tabaco por trás do “Não”
“Isso significa que praticamente toda publicidade foi proibida, inclusive para adultos. Em nome da proteção da infância, os adultos são infantilizados”, reclamou Patrick Eperon, porta-voz da campanha pelo “Não” e membro da organização Centro Patronal.
Suiça tem 400 mil pessoas com doenças crônicas ligadas ao tabagismo
Reprodução/Freepik
Este é o mesmo argumento da Philip Morris International (PMI), gigante global do setor, que, assim como a British American Tobacco e a Japan Tobacco, tem sede na Suíça. Para a PMI, trata-se de uma medida “extrema”.
O país paga um preço alto pelo tabagismo, com 9,5 mil mortes anuais vinculadas em uma população de 8,6 milhões de habitantes. A isso, somam-se cerca de 400 mil pessoas com doenças crônicas ligadas ao tabagismo, segundo o dr. Jean-Paul Humair, porta-voz do “Sim”.
Causa animal é rejeitada pela 4ª vez
Também de acordo com os primeiros resultados da consulta deste domingo, quase 80% dos suíços se recusaram a proibir testes de laboratório com animais e humanos. A população já rejeitou três vezes uma iniciativa sobre o tema: em 1985 (70%), 1992 (56%) e 1993 (72%).
Além disso, os eleitores registrados no cantão da cidade da Basileia, muito conhecido por seu zoológico e por seus grupos farmacêuticos, teriam rejeitado, por 75% dos votos, uma proposta destinada a garantir direitos fundamentais aos primatas não humanos.
Nenhum partido apoiou a proposta porque, segundo o governo, se aprovada, teria graves consequências econômicas e sanitárias na confederação, cujo setor químico-farmacêutico representa mais da metade de suas exportações.
As autoridades alegam, porém, que a legislação suíça está entre as mais rigorosas do mundo sobre de testes em animais.

Fonte: G1 Mundo