Ao g1, cantora americana fala sobre música pop funkeada com colagens de sons, arranjo delirante e imagens meio amalucadas. Ela é uma das atrações do Lollapalooza, em 26 de março. Remi Wolf: pop caótico e funkeado
Remi Wolf, californiana de 25 anos, já tentou a sorte no “American Idol”, em 2014. Foi eliminada antes da fase das apresentações. Também mandou músicas compostas por ela para outros artistas e fez parte das categorias de base do time de ski olímpico dos Estados Unidos.
Agora, ela é (quase) outra pessoa. Não desliza pela neve faz “muito tempo” e o som não tem muito a ver com a soul music de voz empostada que ela cantava antes.
O som que o público do Lollapalooza vai ouvir no dia 26 de março, quando ela estiver no Lolla 2022, é que muita gente chama de hiperpop. É uma música pop caótica e funkeada com colagens de sons, arranjo delirante e imagens meio amalucadas.
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Ao g, Remi falou dessa sonoridade, da importância do TikTok para a música pop hoje e de uma vida em que trocou bebidas alcoólicas por remédios antialérgicos. Leia abaixo e veja no vídeo acima.
A cantora americana Remi Wolf
Divulgação
g1 – Tudo o que você pensa e vê pode virar letras? Ou tem algum filtro?
Remi Wolf – Eu escrevo o que está acontecendo na minha vida, mas eu gosto de usar a minha imaginação, de usar imagens. Tem essas ideas surreais que eu vou criando no meu cérebro, essas imagens no meu cérebro. Então tem muito surrealismo, às vezes.
g1 – Você já disse que a harmonia é a parte mais importante da sua música. Como você cria uma harmonia?
Remi Wolf – Desde bem nova, eu venho cantando e aprendi a harmonizar. Então, é muito fácil para mim. Neste momento, eu gosto de entender o que uma boa harmonia precisa. Você está lá cantando e você meio que começa a botar as notas, coloca várias camadas diferentes de cada nota uma em cima da outra, também preenche com silêncios. Eu costumo gravar esses momentos que eu gosto mais. Às vezes, ouço ideias gravadas em minhas mensagens de voz do meu telefone e depois trago para o estúdio e gravo.
g1 – A indústria da música em geral e alguns artistas que a gente já entrevistou têm dado cada vez mais importância para o TikTok. Eles compõem pensando nisso, nas dancinhas, em músicas com pausas bruscas. Você já disse que não liga para isso, mas o quão difícil é não ser afetado por isso?
Remi Wolf – Definitivamente, não penso em TikTok quando estou escrevendo, mas isso parece que vem sendo imposto aos artistas. Por um tempo, eu acho que é assim que os hits vão surgir. Vai ser difícil não pensar sobre isso, mas também tem o fato de o TikTok ser tão aleatório!
Você nunca sabe quais músicas vão fazer sucesso, né? Não há realmente uma fórmula, então eu acho que é um mundo muito aberto, é muito randômico como as músicas vão ser descobertas por lá. É completamente fora do controle.
Cena de vídeo da americana Remi Wolf
Reprodução
g1 – Críticos americanos têm usado o termo hiperpop para falar sobre você. Acha um bom rótulo?
Remi Wolf – Eu não gosto dele, não vejo minha música como hiperpop. Não é que eu não ache que isso não soe como o típico hiperpop, como aquele ruído exagerado, de ritmo acelerado. Isso não sou eu, mas a mídia tem falado mesmo. Talvez, eu seja o novo hiperpop. Não gosto de rótulos, acho que eles são meio arbitrários.
g1 – Sou repórter musical, então tento acompanhar o que está nas paradas, mas tenho 38 anos. Eu gostei do álbum, mas às vezes essa música mais hiperpop me dá dor de cabeça. Que conselho você dá para pessoas de outras gerações que querem ouvir músicas com tantos sons?
Remi Wolf – A música que está sendo lançada hoje é um reflexo destes tempos. E estamos vivendo em um mundo caótico e eu acho que os jovens estão sofrendo muito só por existir, tentando entender como será o futuro.
“Tudo parece tão instável e tão caótico, então eu não sei se outras gerações podem se ver nesse caos, nessa ansiedade que os jovens estão sentindo. Eu acho que assim é mais fácil entender a direção que a música está indo agora.”
Também acho que ver música ao vivo sempre equilibra o jogo, nivela todas as gerações, porque você vê um ser humano como você, acho que a empatia é gravitacional para outros humanos. É só alguém fazendo algo legal, criativo.
A cantora Remi Wolf
Divulgação/Facebook da cantora
g1 – Como a sociedade mudou você como artista e como você se adaptou para cantar e criar músicas estando sóbria? Alguns artistas já me disseram que essa transição pode ser difícil…
Remi Wolf – Sim, foi uma transição muito difícil na minha vida, mas fiquei feliz por ter estado sóbria fazendo este álbum. Eu criei um álbum introspectivo, mas sem me afogar em álcool. Eu acho que me deu muita clareza sobre o que eu estava fazendo e o que eu queria fazer, trazendo a complexidade dos relacionamentos da minha vida.
Eu não teria sido capaz de entender tudo que queria tão claramente se não estivesse sóbria. Teria sido bem diferente, mas a sobriedade tem sido muito difícil. Principalmente nesse meio da música, quando na maior parte do tempo as pessoas não estão sóbrias. Então, sim, eu vou encontrar com outras pessoas e, claro, é complicado não beber.
g1 – Todos os seus discos são homenagem a cães, mas você é alérgica a cachorros. Como explicar essa contradição?
Remi Wolf – [Risos] Eu tenho um cachorro [“Juno”, nome do álbum de estreia]. Sou alérgica, mas tomo medicação todos os dias. É um sacrifício que eu estou disposta a fazer em nome dos cachorros! Essa coisa dos nomes meio que começou como uma piada e depois virou algo de verdade.
Agora, é real e meu cachorro teve uma grande participação na concepção deste álbum. Ele estava comigo todos os dias, 24 horas por dia, 7 dias por semana, enquanto eu escrevia e gravava. O que o torna mais ou menos como o meu apoio emocional e um incrível parceiro de composição do álbum.
Fonte: G1 Entretenimento
